Conservação e gestão

A área de concentração em Conservação e Gestão aborda a sustentabilidade de ambientes costeiros e portuários, com foco em auditoria e gestão ambiental, governança, biodiversidade, planejamento territorial, avaliação de impactos socioeconômicos e ecológicos e gestão ambiental portuária.

Linhas de Pesquisa

Conheça as linhas de pesquisa:

O Curso de Mestrado em Ecologia oferecido dentro do Programa de Pós Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos visa promover uma educação continuada de qualidade, baseada na formação teórico-prática de caráter multidisciplinar, com o objetivo de formar profissionais capazes de compreender e atuar nas diversas frentes relacionadas à Ecologia e Meio Ambiente, qualificados e aptos para atender às necessidades relacionadas às atividades de consultoria, docência e pesquisa científica, a partir da integração de conhecimentos físicos, químicos, biológicos, ecológicos e toxicológicos, focados principalmente em Ecossistemas Costeiros e Marinhos.

1. Avaliação de resíduos e recursos naturais

A utilização dos recursos naturais de forma não planejada tem levado à redução ou esgotamento de algumas fontes importantes para os sistemas biológicos e para o homem. Ao mesmo tempo, essa utilização desordenada e muitas vezes exagerada acaba por gerar a produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos em proporções que perturbam a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas adjacentes.
O planejamento e a contínua avaliação do uso dos recursos disponíveis, bem como do destino final dos resíduos eventualmente gerados se torna uma necessidade imperiosa, dada a característica finita dos recursos, assim como da capacidade de absorção e transformação dos resíduos pelos sistemas naturais.
A presente linha de pesquisa abrange o aprimoramento e desenvolvimento de metodologias e técnicas que possibilitem a adequada avaliação e monitoramento dos recursos naturais existentes, focando em sua utilização de forma planejada e sustentável ou, alternativamente, a suspensão de seu uso, dependendo das condições observadas.
Também envolve o estudo e a busca de formas de se avaliar e monitorar a poluição atmosférica, o descarte de resíduos sólidos e efluentes industriais e domésticos. Esses estudos podem se dar através de um enfoque sistêmico, no qual se almeja a compreensão dos efeitos desses descartes nos ecossistemas de forma integrada e ampla, levando-se em consideração efeitos cumulativos e sinérgicos.

Projetos

1.1 Proposição de novos indicadores para gestão de aspectos ambientais

Descrição: A consecução de objetivos e metas definidos na etapa de planejamento de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) demanda a execução de programas, e consequentemente seu monitoramento e avaliação. Para tanto, é de fundamental importância a utilização de indicadores que reflitam com confiabilidade e boa relação custo-benefício, o comportamento das variáveis de interesse. O principal objetivo deste projeto é desenvolver, aplicar e validar novos métodos de avaliação de qualidade ambiental, extensão e efeitos da contaminação aquática de uma forma integrada a partir de análises de indicadores em diferentes compartimentos ambientais e níveis de organização biológica.

1.2 Avaliação da eficiência de Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) a partir de uma abordagem ecotoxicológica

Descrição: Diferentes métodos de tratamento de efluentes líquidos têm sido desenvolvidos com a premissa de diminuir as concentrações de contaminantes e consequentemente a carga tóxica introduzida em corpos receptores aquáticos. Entretanto, a complexidade e a interação de diferentes compostos presentes em efluentes industriais dificulta a avalição direta de seu potencial impacto ambiental em função apenas de sua composição química. Nesse contexto, o objetivo desse projeto é utilizar diferentes abordagens ecotoxicológicas para avaliação da eficiência de tratamentos e ETEs com vistas à identificação e avaliação da toxicidade, redução da carga tóxica e enquadramento de efluentes líquidos no marco legal ambiental vigente.

Projeto 1.3 Organismos de comunidades incrustantes como indicadores de aporte de efluentes domésticos.

Descrição: Estudo do recrutamento, sucessão e desenvolvimento em comunidades incrustantes – o fouling – a ser efetuado no Sistema Estuarino de Santos, visando se avaliar o aporte de efluentes domésticos e seus efeitos nas características e qualidade da água, de forma associada com dados de concentração de nutrientes, clorofila, POM, DOM e colimetria.

Projeto 1.4 Uso da espectroscopia RAMAN para o monitoramento de compostos orgânicos na área de descarte do emissário submarino de Santos (São Paulo, Brasil)

Descrição: A grande população já existente em alguns municípios do litoral paulista, acrescida pelo grande número de turistas nas épocas de veraneio, provoca um aumento considerável da quantidade de esgotos domésticos gerada na região. Uma das soluções encontradas para o problema da geração de esgotos no litoral paulista é o seu pré-tratamento e a sua disposição final no mar por meio de emissários. O monitoramento sistemático dos emissários submarinos é realizado pela CETESB, que estabelece uma periodicidade semestral nessa avaliação, realizando amostragens de água na zona de influência do emissário. Embora os métodos analíticos empregados no monitoramento dos indicadores qualidade das águas para os compostos inorgânicos sejam bem desenvolvidos, concentram-se esforços para resolver o problema do monitoramento de compostos orgânicos, uma vez que os métodos tradicionalmente empregados para estas análises esbarram em questões como a demora na obtenção dos resultados aliado ao alto custo destas análises, bem como a geração de resíduos. Em vista destes fatos, o presente projeto visa o desenvolvimento de uma nova metodologia para o monitoramento de compostos orgânicos na área descarte do emissário submarino de Santos-SP, através do emprego da espectroscopia RAMAN para o monitoramento destes compostos. Desse modo, e levando-se em conta que o lançamento do esgoto é feito em uma baía, a implantação de melhorias no sistema de monitoramento ambiental pode propiciar a adoção de programas governamentais regulares que visem o monitoramento dos níveis de um maior número de compostos orgânicos nas Estações de Tratamento de Efluentes, buscando soluções que propiciem a redução da carga destes compostos para o meio ambiente.

Projeto 1.5 Monitoramento da qualidade das águas dos canais de drenagem urbana de municípios costeiros

Descrição: Os canais de drenagem urbana são os responsáveis pelo escoamento das águas pluviais para o mar, porém existem fatores que podem comprometer a qualidade da água que escoa nesses canais e, com isso, afetar a balneabilidade das praias. O presente estudo consiste em monitorar a qualidade das águas dos canais de drenagem urbana que deságuam nas orlas das praias dos municípios de Santos e São Vicente, antes de atingir o mar, por meio de análises químicas, físico-químicas, ecotoxicológicas e microbiológicas.

Projeto 1.6 Avaliação de risco de compostos orgânicos

Descrição: A avaliação de efeitos potenciais de compostos orgânicos sobre a biota apresenta papel fundamental na avaliação de risco ambiental. A identificação precoce e a investigação de possíveis problemas de poluição ambiental relacionada aos compostos orgânicos são de suma importância para proteção da saúde humana e ambiental. Os procedimentos para a avaliação de risco ambiental de compostos orgânicos são empregados para fins reguladores na União Europeia, para fins de dar suporte à autorização de comercialização destas substâncias. O desenvolvimento do estudo se dará inicialmente com a identificação e quantificação de substâncias orgânicas em amostras de água superficial e sedimentos. Em um segundo momento, em laboratório, estudos ecotoxicológicos com diferentes fases do ciclo de vida e níveis de organização biológica serão empregados. O principal objetivo deste projeto é integrar diferentes linhas de evidência da ecotoxicologia, com intuito de classificar o risco ambiental de substâncias orgânicas.

Projeto 1.7 Estudos ecotoxicológicos na avaliação do risco ambiental de poluentes emergentes e drogas ilícitas

Descrição: A introdução contínua no ambiente aquático de poluentes emergentes pode colocar em risco a saúde dos ecossistemas. Este fato tem atraído a atenção da comunidade científica e mídia e está intimamente relacionado ao estilo de vida da sociedade moderna, aos padrões de consumo e ao envelhecimento da população. Neste contexto, é de suma importância a avaliação dos riscos ambientais associados à ocorrência destes compostos no ambiente por meio de estudos ecotoxicológicos para subsidiar ações mitigadoras.

Projeto 1.8 Influência de efluentes sobre as assembleias de peixes e crustáceos

Descrição: Devido à alta densidade demográfica, as regiões costeiras são responsáveis por grande parte da produção de resíduos que poluem o ambiente aquático, onde pode-se destacar o lançamento de efluentes domésticos. O processo de decomposição destes resíduos causa hipoxia e gera a perda de diversidade de diversos organismos aquáticos. Estes compostos orgânicos podem causar ainda a eutrofização, alterando a estrutura das comunidades, funções ecológicas e diversas implicações no ecossistema. A poluição nas regiões costeiras é constituída principalmente por componentes orgânicos e nutrientes originários dos esgotos domésticos, efluentes industriais e agrícolas. Os efeitos da poluição aquática são complexos e não compreendidos totalmente, porém é notável o avanço no conhecimento sobre sua toxicidade, carcinogenicidade e capacidade bioacumulativa. Cada tipo de organismo pode responder de forma diferenciada a um mesmo tipo de poluição. Alguns apresentam crescimento e reprodução acelerados enquanto outros têm diminuição no seu tempo de vida. Dados sobre a composição, estrutura, distribuição, status de conservação e aspectos biológicos, como alimentação e reprodução das assembleias de peixes que habitam regiões sobre grande influência de poluição são considerados prioritários para a compreensão dos impactos causados pelo lançamento de efluentes. Podem ser utilizados como base para a modelagem computacional, a qual responde mais rapidamente a variações de concentrações dos efluentes do que medições analíticas feitas em laboratório. Assim, com o objetivo de compreender os efeitos cumulativos e sinérgicos causados pelos efluentes sobre as assembleias de peixes e crustáceos, e buscando assegurar a biodiversidade do recurso e a manutenção das atividades humanas dependentes desta, o presente projeto visa monitorar os aspectos bioecológicos da ictiofauna como forma de bioindicação ambiental.

1.9 Efeitos Tóxicos e Bioacumulação de Metais e sua interferência nas comunidades de organismos marinhos e estuarinos do litoral paulista

Descrição: O objetivo deste projeto é avaliar o efeito tóxico da bioacumulação por metais pesados nas comunidades de organismos marinhos e estuarinos no litoral paulista. Será avaliado o grau de contaminação nos principais recursos pesqueiros e sua interferência no estoque pesqueiro e consequente impacto na pesca artesanal. Os resultados desse projeto auxiliarão no levantamento de informações essenciais para a adoção de medidas cabíveis pelas instituições públicas que tratam da qualidade ambiental, bem como para subsidiar tomadas de decisão quanto à conservação dos recursos naturais disponíveis para o uso das populações tradicionais que vivem no litoral paulista e dependem da pesca para sua sobrevivência.

A implementação de empreendimentos gera impactos socioeconômico-ecológicos que chamam a atenção de pesquisadores e de órgãos governamentais, tanto em virtude das ameaças cada vez maiores à sobrevivência material e cultural de populações humanas, como da contribuição histórica que essas populações têm dado à conservação da biodiversidade. As comunidades locais interagem como sistemas sócio-ecológicos complexos estabelecendo paralelos entre biodiversidade e sociodiversidade, através de seu conhecimento da fauna e da flora e de complexos sistemas de manejo dos recursos naturais. Esta linha de pesquisa tem por objetivo entender as diversas realidades socioambientais e os impactos negativos e positivos que ocorrem, por meio de estudos com foco na investigação e identificação de novas alternativas sustentáveis para atender a complexidade de um sistema socioambiental e suas transformações.

Projetos

2.1 Consequências socioecológicas da expansão portuária e grandes empreendimentos estuarinos e litorâneos

Descrição: Os trabalhos de mestrado relacionados a este projeto partem do cenário atual de expansão portuária da região de Santos/SP e os impactos socioambientais relacionados a esta realidade. Especificamente serão analisadas a interferência de obras de dragagem e construções de ampliação e/ou renovação de Portos no modo de vida das comunidades tradicionais que vivem no entorno destes grandes empreendimentos. Em casos especiais poderão ser desenvolvidos trabalhos de mestrado relacionados a esta interferência em comunidades ribeirinhas sob influência de construções hidroelétricas. Historicamente as comunidades tradicionais viviam da exploração dos recursos naturais do ambiente como, os peixes, as plantas, a caça, etc., contudo, os grandes empreendimentos, especificamente os portuários vêm modificando o ambiente e, por consequência, estas famílias tiveram seu modo de vida e suas atividades de subsistência alteradas nos últimos anos. As pesquisas inseridas neste projeto, pretendem entender esta nova realidade socioambiental e, por consequência, identificar e/ou sugerir alternativas econômicas para estes moradores que continuam a sobreviver em meio a exploração dos recursos naturais dos estuários, rios e mares.

2.2 Economia da pesca artesanal: contribuições para a segurança alimentar e sustentabilidade em comunidades do litoral de Mata Atlântica

Descrição: Os trabalhos de mestrado relacionados a este projeto partem do cenário atual identificado pelas grandes agências internacionais de segurança alimentar e saúde como a FAO e OMS, do aumento da demanda de pescado acoplada à necessidade de conservação dos estoques pesqueiros. No contexto mundial, o incentivo às tecnologias pesqueiras focadas no aumento de captura, somada a visão histórica da vasta abundancia de peixes marinhos e dulcícolas e do pouco impacto da pesca artesanal, resultou em impactos negativos sob os recursos pesqueiros, que atualmente estão com parte de seus estoques sobre-explorados. Em particular a interação entre impactos ambientais, mudanças climáticas e segurança alimentar, afetando especialmente comunidades rurais e mais pobres tem sido uma tônica de pesquisas na interface ecologia humana e economia ecológica. Comunidades pesqueiras que dependem de recursos aquáticos têm sido afetadas. Na região costeira a vasta gama de espécies classificadas como em perigo de extinção, muitas recifais como a garoupa, devem ser foco de atenção. A demanda por produtos de pesca, contribui grandemente para mudanças nos ecossistemas marinhos e costeiros, entretanto são poucos os trabalhos que consideram a demanda do mercado um fator de influencia nos processos sócioecológicos, econômicos e institucionais em regiões costeiras. Neste contexto, as pesquisas de mestrado inseridas neste projeto visam desenvolver temas sobre a complexidade de planejar o manejo dos sistemas de pesca e entender a própria complexidade do conceito de segurança alimentar. Por fim, estes trabalhos poderão subsidiar a resolução de problemas derivados da falta de integração das populações de pesca artesanal à economia nacional. Sem formas adequadas de manejo relacionadas ao mercado, não se pode esperar que os recursos marinhos possam suprir o ritmo do crescimento populacional e a demanda que resultará disso, especialmente nas partes mais pobres do mundo, como é o caso do Brasil. Dessa forma, a gestão de comunidades pesqueiras artesanais visa a recuperação e preservação dos estoques pesqueiros e das comunidades de pescadores artesanais, bem como da biodiversidade comercializada nas economias regionais e globais. Nessa linha de pesquisa os conceitos de cultural keystone species e de target species são muito importantes tanto na formação dos alunos no Mestrado em Auditoria Ambiental como também nos projetos de pesquisa dos docentes envolvidos.

2.3 Etnoecologia, ecologia e genética de espécies alvo recifais

Descrição: Levantamento de desembarque, bem como da época reprodutiva de importantes peixes da pesca artesanal, especialmente espécies recifais. Participação de pescadores na coleta dos dados. Estudo da diversidade genética de espécies importantes à pesca artesanal do litoral norte e baixada santista. Por meio de marcadores moleculares, serão estimadas a estrutura genética, o tamanho efetivo populacional e a presença de gargalo genético populacional, a fim de colaborar com ações voltadas a preservação e educação ambiental da pesca artesanal nesta região.

2.4 Tecnologias pesqueiras e segurança alimentar

Descrição: O estudo inclui o impacto ecológico das tecnologias pesqueiras, bem como a sua importância histórica, econômica e na segurança alimentar das comunidades de Pescadores. Iniciado no Maranhão em 2015, o estudo visa continuidade em outras regiões da costa.

2.5 Impacto de hidroelétricas na segurança alimentar

Descrição: O projeto visa compreender a relação entre disponibilidade de peixes (e diminuição devido a hidroelétricas) e uso da proteína animal por populações costeiras e ribeirinhas. Iniciado de forma preliminar em 2016, visamos estudar o impacto de hidroelétricas na disponibilidade de proteína animal para comunidades ribeirinhas da Amazônia.

2.6. Programas de Educação Ambiental como subsídios às ações de mitigação aos impactos ambientais

Descrição: As dissertações e trabalhos do mestrado associados a este projeto de pesquisa partem do pressuposto que a educação ambiental, faz parte do exercício de consultorias ambientais e de auditorias ambientais que ocorrem na expansão de empreendimentos em áreas com algum tipo de restrição de uso ambiental; no aprimoramento de processos da produção industrial que utilizem recursos naturais de modo sustentável; e nas ocupações urbanas que se planejam de modo organizado. Assim sendo, os projetos em Educação Ambiental desenvolvidos neste contexto passam a fazer parte integrantes de medidas mitigatórias de potenciais impactos ambientais ou mesmo medidas compensatórias de impactos que venham a ocorrer de fato. Este é um campo de pesquisa em que os Projetos de Educação Ambiental podem se valer de recursos designados pelo Ministério Público aos Termos de Ajuste de Conduta (TAC) e pelas verbas designadas oriundas da cobrança da água em que o Fundo de Recursos Hídricos da Baixada Santista (FEHIDRO-BS) determina o gasto específico em EA para o dinheiro recolhido pela Lei da Água.

2.7 Diagnósticos socioeconômico-ecológico e etnobiologia de populações de pescadores artesanais da costa brasileira como ferramentas para a gestão

Descrição: Informações socioeconômicas, dados de produção da pesca artesanal e o uso do conhecimento local ainda são escassos no Brasil e por isso, pouco aplicados na gestão pesqueira do país. A partir disso, este projeto tem como objetivo realizar estudos de caracterização da atividade pesqueira, do uso de recursos naturais e do espaço, bem como o conhecimento local e as condições socioeconômicas de diversas comunidades de pescadores artesanais costeiras do Brasil que interagem com os ecossistemas e sentem as mudanças advindas deles em suas atividades econômicas. Também serão investigados o conhecimento dos pescadores relacionados a taxonomia, ecologia e biologia de espécies de peixes exploradas como forma de auxiliar propostas de ordenamento e manejo de recursos. Os métodos envolvem amostragem de desembarques pesqueiros, entrevistas semiestruturadas e abordagens participativas.

2.8 Etnoecologia e conservação de robalos: subsídios para gestão pesqueira

Descrição: Os robalos são muito explorados pela pesca artesanal e esportiva, no entanto, poucas informações técnico-científicas sobre a exploração deste recurso são disponíveis e aplicáveis ao manejo pesqueiro. Uma boa estratégia de manejo dos ambientes aquáticos é a incorporação do conhecimento local de pescadores aos dados biológicos. Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo realizar estudos sobre etnoecologia, ecologia e conservação de robalos (Centropomidae) em regiões costeiras. Os dados serão coletados através de entrevistas com o auxílio de questionários semiestruturados aplicados com pescadores artesanais e esportivos. Serão acompanhadas pescarias artesanais e esportivas e exemplares de robalos serão coletados para análise da dieta (análise qualitativa do conteúdo gastrointestinal) e de aspectos reprodutivos (análise macroscópica das gônadas). Dados sobre as capturas serão amostrados para a análise da distribuição espaço-temporal e relações das comunidades locais com a exploração do ambiente. A análise de dados deste projeto será feita de maneira integrada buscando associar o conhecimento científico com o conhecimento local no intuito de proporcionar subsídios para o manejo pesqueiro. Será realizada a comparação entre os dados obtidos em campo referentes à prática da pesca artesanal e esportiva ao conhecimento local dos pescadores acerca de aspectos biológicos dos robalos com análises convencionais utilizadas em trabalhos científicos de ictiologia sobre alimentação e reprodução. Visando a conservação dos robalos explorados, os resultados obtidos com esta pesquisa poderão contribuir para futuras propostas de manejo e ordenamento da pesca artesanal e esportiva.

2.9 Pressões e impactos socioambientais das atividades petrolífera e parapetrolífera na zona costeira

Descrição: O Brasil enfrenta o desafio de encontrar uma estratégia de desenvolvimento não-predatório para o setor de petróleo e gás. O modelo a ser construído deverá superar a corrupção, proteger os ambientes costeiros e as comunidades locais, além de estabelecer uma gestão transparente e participativa dos recursos financeiros. Os efeitos da atividade de exploração e produção de petróleo na demanda de serviços públicos e infraestrutura em geral tem na indústria parapetrolífera seu elemento diferenciador dos demais projetos de grandes dimensões. Isso porque sobre esse território são mobilizados bens de capital cuja função deixa de existir quando o petróleo acaba. Trata-se de estruturas de apoio, equipamentos, infraestrutura terrestre, serviços portuários e escritórios industriais de grandes dimensões que cristalizam essas regiões, as quais não podem suportar o risco da obsolescência econômica. A fim de contribuir para o debate e construção desse novo modelo de gestão, nosso projeto tem como objetivos: (i) avaliar políticas e processos de governança na zona costeira associados à atividade petrolífera; (ii) avaliar a gestão de fundos de petróleo e sua aplicação como instrumento de promoção de equidade social e conservação ambiental; (iii) avaliar e discutir práticas nacionais e internacionais de gestão de royalties; e (iv) avaliar forças motrizes, pressões, impactos e respostas associadas à atividade. A metodologia será baseada na análise de literatura técnica-científica, legislação nacional e internacional, além de bancos de dados públicos e privados. Empregar-se-ão estruturas conceituais pertinentes à natureza do estudo (ex. DPSIR Driver-Pressure–State–Impact-Response). Nossos resultados proporcionarão subsídios para avaliação e revisão do atual modelo de gestão do setor petrolífero no Brasil, com ênfase no diagnóstico, prevenção e mitigação de impactos socioambientais.

2.10 Valoração ambiental: princípios e aplicação

Descrição: O projeto visa o aperfeiçoamento e desenvolvimento de metodologias e técnicas que possibilitem a atribuição de valor ao meio ambiente em suas diversas esferas. Esses objetivos se justificam pela necessidade de conservação da biodiversidade e do meio ambiente de forma mais ampla, considerando que a civilização ocidental tradicionalmente não dá importância e valor a esses bens naturais. A natureza é vista com caráter utilitário, mas sem nenhum valor. O ser humano, ao menos na cultura ocidental, só considera como um bem importante aquilo ao qual consegue atribuir um valor e geralmente isso envolve bens materiais ou recursos naturais com valor de mercado. Por outro lado, Serviços Ecossistêmicos, definidos conforme proposta do Millenium Ecosystem Assessment (2003) não costumam ser valorados. Tendo como base principalmente a Economia Ecológica, se buscará formas de atribuição de valor, incluindo valor monetário, a bens e serviços ecossistêmicos, de maneira que se possa estabelecer objetiva e claramente a importância desses bens e serviços que a natureza oferece. Não se descarta o emprego de metodologias estabelecidas pela Economia Ambiental, desde que devidamente aperfeiçoadas.

A avaliação das condições da vegetação se destaca como uma das ações prioritárias. Esta linha envolve diagnósticos da vegetação, considerando: aspectos da legislação, incluindo indicação de táxons registrados em listas oficiais de espécies em risco de extinção, condições de preservação da flora nativa, alterações da estrutura vegetacional por aumento do efeito de borda, desequilíbrio pela redução na riqueza e/ou abundância das espécies, bioinvasão, influência na alteração e coesão dos solos, mudanças na topografia de encostas, estimativa de consequências em caso de redução ou supressão da cobertura vegetal, fragmentação ou isolamento de remanescentes. Nesta linha inclui-se também estudos que envolvem outros produtores primários como o perifíton/microfitobentos ou o fitoplâncton. Ferramentas genéticas podem complementar as informações ecológicas e morfológicas dos recursos vegetais, contribuindo para analisar a diversidade e a pureza genética na manutenção das populações. Os impactos na fauna são definidos através da identificação das espécies animais em determinada área e seu monitoramento (temporal e/ou espacial), com o objetivo de quantificar e qualificar possíveis danos de um empreendimento sobre a natureza, contribuindo para um melhor gerenciamento dos recursos naturais. Avaliando as relações entre a fauna e o ambiente em que vivem, será possível estabelecer as prioridades relacionadas aos diferentes tipos de impactos ambientais.

Estudos sobre aspectos da alimentação, história de vida, aquicultura e genética das comunidades e populações são temas abordados nesta linha de pesquisa, que podem fornecer informações básicas sobre espécies sobreexplotadas e/ou ameaçadas de extinção. Assim, os estudos de avaliação dos impactos da fauna dentro da Auditoria Ambiental, atuam como instrumentos de gestão, fornecendo subsídios para o monitoramento de uma população e/ou comunidade, contribuindo para o entendimento dos processos relacionados à estrutura e o funcionamento do hábitat, visando a explotação dos recursos naturais de maneira sustentável

Projetos

3.1 Estudos Florísticos em ocupações e loteamentos costeiros

Descrição: Projeto no qual são efetuados levantamentos florísticos e monitoramento de alterações na vegetação, através do método das parcelas e de sensoriamento remoto. Na amostragem, são obtidos dados como DAP, densidade, abundância de indivíduos, quantidade de epífitas, área basal das árvores, umidade relativa do ar, temperatura do ar e solo e índice de luminosidade, visando caracterizar e monitorar a estrutura da vegetação local. Com o sensoriamento remoto é realizado o monitoramento espaço-temporal das alterações na vegetação na escala da paisagem através dos índices de vegetação e classificação de imagens, além da comparação com os dados obtidos em campo.

3.2 Usos e manejo da vegetação

Descrição: O conhecimento do uso de recursos naturais está relacionado a processos adaptativos e culturais e permanece pouco divulgado no meio técnico-científico. As populações tradicionais desenvolveram formas sustentáveis de utilização dos recursos, resultantes de sua dependência destes recursos para sobrevivência. O uso de plantas para fins de subsistência e medicinais é um domínio que o ser humano possui desde os tempos primitivos, sendo indispensável por reunir informações sobre o ambiente e transferir de geração para geração este conhecimento. Na sociedade urbana moderna, o uso da vegetação está geralmente restrito ao cultivo para alimentação, paisagismo, medicina popular e, mais recentemente, aos usos alternativos, como a construção de telhados verdes ou jardins de chuva. Os estudos das diversas e complexas interações entre o homem e seus recursos vegetais disponíveis são o foco da etnobotânica e manejo vegetal, que abrangem, além do nível utilitário das plantas, também os aspectos culturais, sociais e ecológicos desta interação. A etnobotânica geralmente é baseada na observação e estudo detalhado dos usos que uma sociedade faz das plantas, incluindo as crenças e práticas culturais associadas a esses usos. Contudo, a transferência desse conhecimento entre as gerações de populações tradicionais pode ser ameaçada pela interferência de fatores externos a elas, por exemplo, pela sua maior exposição à sociedade envolvente e, consequentemente, às pressões econômicas e culturais externas; maior facilidade de acesso aos serviços da medicina moderna e o deslocamento das pessoas de seus ambientes naturais para regiões urbanas, o que leva à perda do caráter utilitário do conhecimento popular acumulado há várias gerações e ao seu desaparecimento. Neste contexto, o presente projeto prevê o estudo dos conhecimentos moderno e tradicional de uso de plantas nativas ou naturalizadas, por meio de estudos desenvolvidos junto às populações urbanas e tradicionais. As informações compiladas deverão auxiliar na elaboração de estratégias de monitoramento e manejo da vegetação em ambientes costeiros.

3.3 Estudos de efeito de borda e bioinvasão

Descrição: O efeito de borda é especialmente impactante em fragmentos da vegetação pequenos ou isolados. Neste projeto são estipuladas faixas de efeito de borda, através da investigação sobre alterações morfoclimáticas ocorrentes em consequência de abertura de trilhas e clareiras; isso é feito por meio do estudo de fatores abióticos (temperatura, luminosidade, umidade) da área e fatores bióticos da vegetação, como estrutura, composição e/ou abundância relativa, além da presença de metabólitos secundários. As invasões biológicas são consideradas a segunda causa de ameaça à biodiversidade no planeta, ultrapassada apenas pelas ações antrópicas; espécies invasoras são muitas vezes responsáveis pela degradação do ambiente físico, causando alterações nos ciclos ecológicos e desequilíbrios nas comunidades. Serão investigadas espécies vegetais potencialmente invasoras e a relação entre sua disseminação e as atividades humanas, bem como a relação entre o sucesso dessas invasões e a presença de metabólitos secundários que poderiam ser vantajosos nesse processo. Os resultados devem servir de subsídios para elencar estratégias de monitoramento e manejo, com base na extrapolação de registros de ocorrência de plantas invasoras e seus efeitos, em outras áreas de condições similares.

3.4 Avaliação de compostos fenólicos de angiospermas como biomarcadores de impacto ambiental

Descrição: Os metabólitos secundários vegetais são moléculas produzidas a partir do metabolismo vegetal, as quais atuam especialmente na defesa contra predadores e patógenos, agindo como toxinas e substâncias alelopáticas. A riqueza destes metabólitos em plantas é explicável pelo fato de que os vegetais estão enraizados no solo e não podem se deslocar e, desta forma, estão impossibilitados de responder ao meio ambiente pelas vias possíveis dos animais. Entre as classes de metabólitos secundários presentes em vegetais destacam-se os taninos e os flavonoides – substâncias que apresentam estruturas polifenólicas às quais já foram atribuídas funções defensivas, além de responderem ao estresse vegetal ocasionado pela poluição do solo por metais pesados, atividade atribuída, em parte, pela capacidade dos taninos de formarem complexos com íons metálicos, além da capacidade antioxidante descrita para taninos e flavonoides. O presente estudo consiste em analisar o teor de compostos fenólicos totais, assim como avaliar a presença e comparar o teor de taninos e flavonoides de espécies de angiospermas, em áreas impactadas e áreas não impactadas. Os resultados obtidos poderão abrir perspectivas para a utilização de compostos fenólicos vegetais como biomarcadores de impactos.

3.5 Ictiofauna da zona de arrebentação de praias no litoral do Estado de São Paulo

Descrição: Neste projeto iremos analisar como a comunidade de peixes na zona de arrebentação de praias expostas está espacialmente estruturada em função das características ambientais e grau de urbanização. Serão consideradas variações no padrão de composição de espécies, variações morfométricas dos indivíduos e composição dos grupos tróficos. Os peixes serão amostrados utilizando-se uma rede de arrasto do tipo picaré, acondicionados em sacos plásticos etiquetados e transportados em caixas térmicas com gelo até o Laboratório de Biologia de Organismos Marinhos e Costeiros (LABOMAC) da UNISANTA. Posteriormente serão identificados em nível de espécie, tomadas as medidas morfométricas, pesados, dissecados e os estômagos com alimento serão conservados para análises da dieta. Medidas de diversidade, riqueza e equabilidade serão utilizadas para analisar a estrutura das comunidades. O grau de associação entre as espécies e os locais de coleta será verificado com um escalonamento multidimensional não-métrico e o padrão de correlação entre as variáveis ambientais através de uma análise de componentes principais. O teste de Mantel será utilizado para correlacionar a matriz de correlação das variáveis ambientais e a matriz de composição de espécies. Serão avaliadas a amplitude e a sobreposição de nicho entre as espécies e as classes de comprimento, visando identificar mudanças ontogenéticas na dieta. Espera-se com este estudo ampliar o conhecimento sobre a ictiofauna em zonas de arrebentação de praias no litoral do Estado de São Paulo.

3.6 Impactos da pesca de arrasto de camarões sobre as comunidades de peixes no litoral

As dissertações associadas a este projeto de pesquisa partem do pressuposto que toda atividade extrativista gera impactos não só ao recurso alvo, mas também a todo o ambiente em seu entorno. Assim estes impactos devem ser avaliados e monitorados regionalmente, buscando medidas mitigatórias adequadas à sustentabilidade regional.

A pesca de camarões no litoral de São Paulo representa uma parcela significativa da produção pesqueira brasileira. Possui relevante contexto econômico, histórico, social, cultural e ambiental. Na pesca de arrasto direcionada à captura de camarões, uma grande parte da fauna capturada é rejeitada, devido ao baixo valor comercial ou ao pequeno porte de espécies de interesse econômico. Entre os grupos integrantes da fauna rejeitada, geralmente descartada morta ou debilitada, os peixes são os mais abundantes. A taxa de rejeição é variável entre as regiões, sendo a proporção mundial por arrasto em peso camarão/peixe de 1:5 kg em águas temperadas e de 1:10 kg em águas tropicais, podendo alcançar até 1:25kg.

A baixa seletividade desta modalidade de pesca causa grande impacto ambiental, gerando alterações na cadeia trófica e consequentemente o desequilíbrio da estrutura funcional das comunidades de peixes, além de colocar em risco a própria espécie-alvo.

As pesquisas inseridas neste projeto buscarão avaliar os principais tipos de impactos causados por esta modalidade de pesca junto às comunidades de peixes, assim como subsidiar discussões e metodologias acerca da redução da fauna acompanhante, ou seu melhor aproveitamento, sem inviabilizar a atividade pesqueira.

3.7 Avaliação de impactos sobre as comunidades de peixes e crustáceos em regiões estuarinas: subsídios para gestão portuária

Os sistemas portuários são imprescindíveis para o desenvolvimento de um país. São importantes para a indústria e a logística, estando diretamente ligados à intermodalidade, ao escoamento de cargas e a defesa estratégica; porém, causam grandes impactos ambientais, tanto em sua construção quanto na manutenção. A constante necessidade de modernização dos portos deve-se ao crescimento da produção e ao desenvolvimento econômico, porém estes processos devem ser concomitantes com a conservação ambiental.

O processo contínuo de dragagem, seja para a manutenção ou para a expansão portuária, não se restringe apenas ao aprofundamento e alargamento de canais, lagos ou rios, também é responsável pelo aterramento de áreas alagadas. Além disso, diversas outras atividades portuárias também são responsáveis por diferentes tipos de impactos ambientais, como as operações de manuseio, transporte e armazenagem da carga, manutenção e trânsito de embarcações e equipamentos. Assim, os ambientes portuários são caracterizados por estarem em constante modificação, seja no ponto de vista territorial ou de desenvolvimento, como no ponto de vista ambiental.

Os impactos ambientais constantes da atividade portuária causam a perda de diversidade, alterações nos padrões estruturais das comunidades, assim como na dinâmica, distribuição e resiliência dos organismos que habitam estas regiões. São responsáveis também por alterações na qualidade da água, no perfil sedimentar e hidrológico, pela contaminação dos corpos de água por diversos produtos e organismos exóticos, além de interações negativas com outras atividades como pesca, turismo, aquicultura, recreação, etc.

Assim, a avaliação ambiental através de estudos sobre a diversidade e bioecologia de peixes e crustáceos em regiões estuarinas visa subsidiar discussões, metodologias, medidas mitigadoras ou condicionantes sobre os efeitos sinergéticos dos impactos oriundos da atividade portuária.

3.8 Impactos da urbanização na fauna silvestre

Descrição: Ambientes urbanos são redutos de fauna de diversas espécies, sendo estas originárias de diferentes habitats e ecossistemas. Assim, as cidades também são consideradas como ecossistemas complexos com interações da biodiversidade de forma equivalente a ambientes naturais inalterados. A homogeneização da fauna, principalmente devido a urbanização dos ambientes, nos remete a necessidade de avaliações e atitudes que visem diminuir os impactos do crescimento humano. As dissertações associadas a este projeto estão direcionadas a avaliações, discussões e aplicações de atividades sustentáveis ou não, que forneçam subsídios para políticas públicas de conservação da fauna de ambientes antropizados, os quais englobam desde grandes centros urbanos a áreas associadas a atividades agrícolas e pecuárias, com baixa densidade populacional.

3.9 Caracterização da biodiversidade marinha e estuarina, diversidade genética e estruturação populacional em ambientes impactados pela atividade pesqueira e antrópica

Descrição: A atividade pesqueira insustentável, a perda de hábitats e outras interferências antrópicas têm aumentado significativamente o risco de extinção de diversas espécies em regiões estuarinas e costeiras no Brasil e no mundo. Desta forma, conhecer a biodiversidade e suas relações, quantificar a diversidade genética e caracterizar a estrutura genética populacional são fundamentais para fomentar planos mais eficientes de conservação e manejo, a fim de viabilizar sua sustentabilidade a médio e longo prazos e também auxiliar uma atividade econômica e comercial mais responsáveis. Deste modo, as dissertações associadas a este projeto serão direcionadas a avaliações, discussões e aplicações de ferramentas moleculares que visam auditar a atividade e o comércio pesqueiros, o aperfeiçoamento de políticas públicas e a educação ambiental e também, fomentar planos de conservação e manejo.

3.10 Análise Histopatológica de Organismos em Ambientes Impactados

Descrição: A zona costeira constitui-se uma região de grande diversidade biológica e fragilidade ambiental, sofrendo influência tanto de processos naturais quanto antrópicos. Impactos decorrentes da poluição das águas, contaminação do solo, pressão populacional, entre outros fatores, são especialmente verificados nesta região. As alterações promovidas pela presença de poluentes no ambiente aquático podem comprometer os indivíduos desde o nível molecular até morfofisiológico ou individual, assim como nos maiores níveis de população e ecossistema. Os animais são excelentes indicadores para monitorar a saúde do ecossistema aquático, tendo em vista sua ampla diversidade e capacidade de concentrar poluentes em seus tecidos diretamente da água e/ou por meio de sua dieta bastante diversificada. Desta forma, este estudo tem por objetivo avaliar a resposta morfofisiológica dos organismos marinhos aos fatores ambientais, por meio da histopatologia (microscopia de luz e eletrônica de transmissão) e bioquímicas, a fim de subsidiar a compreensão dos mecanismos de adaptação do organismo às condições adversas do ambiente marinho.

A relação entre áreas portuárias e o ambiente natural no seu entorno tende a ser impactante para os organismos presentes nos ecossistemas. A adequada gestão das atividades pode minimizar esses impactos, garantindo a sustentabilidade tanto das atividades econômicas como da biodiversidade presente, assegurando um meio ambiente com maior qualidade. Nesta linha de pesquisa os projetos são voltados para redução de impactos, aumento da eficiência e elevação da qualidade da gestão, com planejamento estratégico e uso racional dos recursos naturais.

4.1 Avaliação de impactos da dragagem

Descrição: Considerando que as atividades de dragagem e descarte de sedimentos são dispendiosas e geram impactos a várias comunidades de organismos, este projeto lança mão de metodologias tradicionais de monitoramento dessas comunidades, ao mesmo tempo em que busca o desenvolvimento de novos procedimentos para a avaliação desses impactos, integrando conhecimentos sobre o plâncton, bentos e necton. Parte importante do projeto é o desenvolvimento e estabelecimento de critérios e rotinas que busquem redução dos impactos e otimização da utilização dos recursos dispendidos, empregando avaliação ambiental estratégica preliminar e planejamento integrado para avaliação de locais de novos empreendimentos ou ampliação dos existentes, de forma a se ter menor assoreamento.

4.2 Planejamento estratégico da ocupação de novas áreas com fins portuários e retroportuários

Descrição: As regiões costeiras são ocupadas por ecossistemas sensíveis e com biodiversidade elevada; assim, a implantação mal planejada do ponto de vista ambiental pode levar à expressiva perda de hábitats e espécies, bem como elevar os custos dos empreendimentos, tanto na fase de licenciamento quanto na de instalação/operação. Neste projeto o trabalho está focado no desenvolvimento de protocolos e rotinas que propiciem a melhor avaliação ambiental das áreas pretendidas, bem como levem à tomada de decisão que cause menor impacto e menores custos ao empreendedor, tanto em termos de tempo quanto de recursos financeiros. Assim, conforme a situação pode se empregar a Avaliação Ambiental Estratégica ou, caso haja premência na obtenção de informações básicas, um protocolo de REA – Rapid Environmental Assessment no processo de planejamento.

4.3 Uso racional de recursos naturais em empreendimentos portuários

Descrição: O cenário competitivo internacional exige que os operadores portuários forneçam serviços com a maior eficiência e menores custos possíveis. Dessa forma, a adequada avaliação e gestão dos recursos naturais utilizados – energia e água, entre outros, torna-se de elevada importância. Essa prática permite redução de custos e também contribui para redução das pressões sobre o meio ambiente. Dessa forma o projeto está voltado para avaliação dos impactos do uso desses recursos sobre a biota, bem como a proposição de estratégias e técnicas que reduzam seu consumo. Entre as alternativas avaliadas podem ser citadas a geração de energia eólica, energia solar, aproveitamento de água de chuva, reuso de água, entre outras, bem como técnicas e estratégias de redução de consumo.

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